_________________________________________________
De São Paulo - Especial para o Blog
Palcos Reluzentes e nem
tantos da vida
De Boate de Quinta a Palcos Reluzentes
, a vida de Lady Chuquer Volla Borelli Francisco De Bourbon, ou a nossa Lady Francisco vai desfilar,
brevemente, através das telas dos cinemas nacionais. Como o próprio título
sugere, o documentário – com direção de
Rochane Torres e Marco Polo – promete informação e emoção sobre a trajetória de um dos grandes
talentos artísticos de nosso país. Desde o início de sua carreira, como
apresentadora de programa infantil, na década de 50, em Belo Horizonte. “ Mas também dentro e fora dos holofotes da
tevê, cinema, teatros e circos brasileiros”, ressaltam os cineastas. As filmagens começam no dia 19 de março.
Com depoimentos da própria personagem - “ a atriz que se veste de si mesma, para
interpretar a sua própria história”- como salienta a produção do curta - e baseado no livro Nunca Fui Santa, escrito recentemente,
pela própria atriz, veremos uma guerreira Lady lutando para se firmar entre
inúmeros preconceitos da sociedade machista da época.
E trabalhos foram muitos, no
caminho da atriz, para conquistar os palcos reluzentes de sua carreira. Noviça, enfermeira, aeromoça, miss,
garotapropaganda, bailarina, radialista,
colunista social, coreógrafa, cantora , compositora, empresária.... e até modelo de boneca inflável!
Isto, nos anos 80. Quando ela foi escolhida
pra ser molde de um produto de consumo sexual. A Lady Inflável! “ É o que eu chamo de explorar a imagem,
acabei símbolo sexual”, diz ela, com sua constante irreverência.
Lady tem consciência que, apesar do contraste com sua personalidade
“tímida, reprimida e caipira”, conforme ela própria define, foi sob
o estereótipo de prostituta e “ mulher fatal,” que teve assegurados os
inúmeros papéis apresentados na televisão. “ Acreditava-se, nesta fase da dramaturgia
brasileira, que para ser atriz, tinha que cair na prostituição”, revela.
Bem ao contrário do que dizia a
imprensa mineira, no período em que fazia revista na praça Tiradentes, em Belo
Horizonte, de que iria virar vedete e destruir sua carreira no teatro,
rebolando. Um pouco antes, Lady havia
sido escolhida Revelação Artística, pela Escola Mineira de Artes Dramáticas.
Mesma época que fundara – junto com Coracy Raposo o Teatro Moderno de Arte de
Minas Gerais, conhecido como TEMA.
Depois foi pro Rio, pra seguir a
carreira de atriz. Fez sucesso nas tevês
Tupi, Manchete e Globo, protagonizando novelas. A mais recente, Cheias de
Charme, no ano passado, onde interpretou a engraçadíssima vidente madame
Kastrup.
No cinema, atuou em todos os
gêneros, desde pornochanchadas, até
papéis dramáticos, como Lúcio Flávio: Passageiro da Agonia, de Hector Babenco e
O crime do Zé Bigorna. Neste filme, ela ganhou o troféu candango, no Festival
de Brasília, de 1977, junto com Lima Duarte e Anselmo Duarte de melhor atriz.
Também, com Duarte, foi premiada no Festival de Berlim.
Na base de muito jogo de cintura,
para construir o seu espaço, a atriz
passou por inúmeros dramas em sua vida. Especialmente após a fase
glamurosa. Entrou em depressão . Mas
soube dar a volta por cima.
Com uma carreira cheia de altos e
baixos, pode se dizer que a vida de Lady Francisco nunca foi um marasmo e,
atualmente, ela acredita que está no melhor momento de sua profissão,
prometendo revelar nesse documentário o que sabe fazer de melhor. De acordo com a produção, “terá a
oportunidade de interpretar, por reconstituição ficcional momentos ímpares de
sua vida, reviver sua história, rir de si mesma e nos revelar que, apesar de
tudo, ainda está na arena.”
Que venham logo os palcos
reluzentes desta atriz excepcional!